segunda-feira, abril 22, 2024

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Conheça hostels brasileiros que foram muito além do beliche

Os hostels são responsáveis por disseminar a cultura do compartilhamento nos meios de hospedagens desde o começo do século 20, mas foi nos últimos anos que dividir espaços com gente do mundo inteiro, de maneira menos formal que em um alberque, começou a cair no gosto do turista brasileiro.

Por muitos anos esse tipo de hospedagem carregou o estigma de lugares sujos, mal-cuidados e com serviço de péssima qualidade.

Essa realidade ficou lá atrás e não corresponde mais com as opções que se espalham pelo Brasil e prezam por proporcionar a melhor experiência possível.

Os quartos compartilhados com beliches –muitas vezes triliches– continuam sendo a grande maioria, mas alguns hostels usam e abusam da criatividade para ao mesmo tempo criar uma experiência única para o viajante, aumentar sua capacidade de atendimento de maneira econômica e criativa e se destacar em um mercado que cresce a cada ano.

“O perfil do hóspede que busca esse tipo de acomodação é aquele que tem tesão mesmo em viver uma experiência diferente em cada viagem.”
Felipe Gamba, Hostel da Vila

Com espaço para duas pessoas, ventilador, espelho, aparador e baú, além de uma decoração descolada e uma pintura bem alegre, a Kombi Hippie modelo 1973 é apenas uma das opções de hospedagem alternativa que o pessoal do Hostel da Vila, em Ilhabela –litoral norte de São Paulo– oferece como experiência pra quem quer algo diferente dos quartos compartilhados.

“O perfil do hóspede que busca esse tipo de acomodação é aquele que tem tesão mesmo em viver uma experiência diferente em cada viagem. Por isso estamos sempre nos reinventando com a ideia de que a mesmice não pode acontecer”, revela Felipe Gamba, um dos sócios do hostel que prepara uma nova opção de hospedagem para julho, mas que prefere manter o projeto sob sigilo.

Essa opção luxuosa é para quem quer dormir numa cabana, mas sem passar os perrengues de um acampamento. Crédito: Divulgação/FB

Outra opção para quem escolher o Hostel da Vila, na paradisíaca ilha paulista, é ficar em uma das três cabanas de luxo disponíveis.

O glamping é uma opção mais ‘glamurosa’ do campismo tradicional, com direito a cama box, ar condicionado, tomadas e muito espaço para até três pessoas.

O perfil curioso e inovador das propostas do hostel são apontados por Felipe, que é turismólogo, como fatores que garantem que, além de se destacar pela experiência, os investimentos nesse tipo de hospedagem são boas apostas também comercialmente.

“Tudo está se pagando e, como são poucas vagas nessas hospedagens alternativas, a taxa de ocupação se mantém bem alta na maior parte do tempo”, revela o empresário.

Ele afirma ainda que esse tipo de vaga é vendida, em sua maioria, pelas redes sociais ou canais diretos do hostel, já que não é tão fácil achar em plataformas como Booking.com e Hostelworld maneiras de configurar quartos como esses, que fogem completamente do padrão.

É possivel acampar em um hostel bem pertinho da Av. Paulista

Tem até grama sintética no primeiro camping urbano da capital paulista. Crédito: Divulgação/Aki Hostel

A máxima de que a cidade de São Paulo “tem de tudo” as vezes pode soar exagerada, mas sempre é possível se surpreender com as opções inusitadas de produtos e serviços disponíveis na selva de pedras.

Você sabia que dá para acampar a menos de 1 km da avenida paulista sem arrumar problemas com as autoridades policiais?

O primeiro camping urbano da capital paulista foi instalado no roof top do Aki Hostel, no bairro do Paraíso, e pode hospedar até 80 pessoas.

“Tem gente que vem pelo preço baixo, uns entendem a barraca como uma opção mais ‘privativa’ por um preço justo e hóspede que já confessou que ronca muito e na barraca acha que atrapalha menos”
João Paulo Amorim, Aki Hostel

No valor da diária, que fica entre R$ 30 e R$ 35, já está inclusa a barraca e também um colchonete “bem fininho”. O kit com roupa de cama e o café da manhã são cobrados a parte.

Segundo João Paulo Amorim, sócio do hostel e também presidente da ABHostels (Associação Brasileira de Hostels e Novas Hospitalidades), já teve médico, enfermeiro, executivo, estudante.

“Tem gente que vem pelo preço baixo, uns entendem a barraca como uma opção mais ‘privativa’ por um preço justo e hóspede que já confessou que ronca muito e na barraca acha que atrapalha menos. Além de muitos casais que aproveitam como uma opção barata para passar uma noite junto”, diverte-se.

Criatividade e ousadia para driblar a falta de espaço

“Minha ideia inicial era um trailer de circo, fui atrás de vários para comprar. Mas acabou que a Kombi Safari foi a melhor opção e ficou ideal para o espaço que a gente tinha”, lembra Luciano Menezes, sócio do Paradiso Hostel, em São Paulo.

O empresário revela que teve a ideia de um quarto diferenciado depois que se mudaram para uma casa menor e tiveram que apelar para a criatividade para ampliar de maneira rápida e barata a capacidade do hostel.

A solução encontrada vai muito bem, já que a taxa de ocupação mensal gira entre os 60% e 70%. “É uma opção que chama muita atenção de criança, porque é muito lúdico e também temos muitos casais que optam por essa experiência que não é todo dia que está disponível”, detalha o empreendedor.

A construção que não teve nem um prego para não machucar a árvore, tem uma ocupação médica de 90%. Crédito: Divulgação/Paray Paradiso Hostel

No Paraty Paradisoque fica em Paraty Mirim, o sonho de toda criança de ter uma casa na árvore pode ser realizado por alguns dias.

No alto de uma jaqueira de 30 metros, a “casa” acomoda até duas pessoas, com direito a sacada com vista para a baía de Paraty.

“Ela foi feita sem nenhum prego, toda amarrada para não ferir a árvore”, destaca ele afirmando que a ocupação da casa na árvore é de “supreendentes” 90%.

Diego Bonel
Diego Bonel
Jornalista especializado na cobertura do mercado de hostels no Brasil. Desde 2017, está mergulhado na vivência dos hostels pelo país. Adora conhecer as histórias dos viajantes pelo caminho e criou o Brasil Hostel News para compartilhar a cultura hosteleira entre os viajantes brasileiros.

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