Instalado na festeira Vila Madalena, um dos bairros que mais concentram festas e blocos de carnaval da capital paulista, o Café Hostel abre sua casinha neste sábado (08), para um evento pré-carnaval mais do que necessário em tempos de incentivo à desinformação.
O evento, das 14h às 17h, vai receber o médico Bernardo Porto Maia, residente em Infectologia do Instituto Emílio Ribas, para uma roda de conversa sobre prevenção, pós-exposição e como cada IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) age no corpo e seus tratamentos. Além disso, serão disponibilizados auto-testes rápidos e informações de como usar.
Essa é a segunda vez que o hostel promove uma roda de conversa sobre as ISTs. A primeira edição, realizada durante o mês da visibilidade LGBTQI+, em 2019, surgiu depois que Luiz de Lyon, um dos sócios do hostel, viu como a falta de informação a respeito do contágio e prevenção ainda era muito latente, mesmo entre os jovens.
“Uma pessoa da minha equipe na época estava em um churrasco e o pessoal estava tomando um vinho. Quando ele pediu se podia dar um gole, ouviu que desde que ‘não tivesse Aids’ tudo bem”, lembra o hosteleiro. Acontece que a pessoa em questão era HIV positivo (o que não significa ter desenvolvido a doença,) e voltou para o hostel bem abalada.
“A gente faz questão mesmo de que saibam que o Café Hostel é um lugar para as minorias. Se alguém se afastar por conta disso, na verdade é a gente não quer esse hóspede por aqui.”
“Quem não se posiciona, está a favor”
A ideia de repetir a iniciativa agora se deu, segundo ele, por conta das últimas polêmicas envolvendo a campanha de incentivo à abstinência sexual lançada no início de fevereiro pela ministra Damares Alves, responsável pela pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro.
“Estamos passando por um momento no nosso país que quem não se posiciona, está a favor. E a gente não está a favor de nada que está acontecendo seja no governo ou com coisas que envolvam qualquer tipo de preconceito”, esclarece ele.
O posicionamento do hostel fica bem claro logo na entrada da casa, que mantém uma bandeira do movimento LGBTQI+ orgulhosamente hasteada. Por lá, a diversidade está longe de ficar só no discurso. A equipe é formada por pessoas trans, travestis, gays, lésbicas e “até alguns héteros, somos heterofriendly por aqui, temos até amigos que são”, como costuma brincar o empresário que não tem receio de perder hóspedes por ser tão incisivo em suas posições.
“A gente faz questão mesmo de que saibam que o Café Hostel é um lugar para as minorias. Se alguém se afastar por conta disso, na verdade a gente não quer esse hóspede por aqui. Mas a maioria olha para essa nossa posição e sente o maior orgulho”, diz.
O evento é gratuito, aberto a todos os públicos e bem fácil de chegar, pois o hostel fica pertinho da estação Vila Madalena do metrô (Rua Agissê, 152). O melhor é que depois da conversa dá para fazer um esquenta no bar do hostel e se jogar por algum bloquinho da vila, companhia com certeza não vai faltar.