quinta-feira, março 28, 2024

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Café Hostel, na Vila Madalena, promove pré-carnaval com prevenção e informação

Instalado na festeira Vila Madalena, um dos bairros que mais concentram festas e blocos de carnaval da capital paulista, o Café Hostel abre sua casinha neste sábado (08), para um evento pré-carnaval mais do que necessário em tempos de incentivo à desinformação. 

O evento, das 14h às 17h, vai receber o médico Bernardo Porto Maia, residente em Infectologia do Instituto Emílio Ribas, para uma roda de conversa sobre prevenção, pós-exposição e como cada IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) age no corpo e seus tratamentos. Além disso, serão disponibilizados auto-testes rápidos e informações de como usar.

Essa é a segunda vez que o hostel promove uma roda de conversa sobre as ISTs. A primeira edição, realizada durante o mês da visibilidade LGBTQI+, em 2019, surgiu depois que Luiz de Lyon, um dos sócios do hostel, viu como a falta de informação a respeito do contágio e prevenção ainda era muito latente, mesmo entre os jovens. 

“Uma pessoa da minha equipe na época estava em um churrasco e o pessoal estava tomando um vinho. Quando ele pediu se podia dar um gole, ouviu que desde que ‘não tivesse Aids’ tudo bem”, lembra o hosteleiro. Acontece que a pessoa em questão era HIV positivo (o que não significa ter desenvolvido a doença,) e voltou para o hostel bem abalada.

“A gente faz questão mesmo de que saibam que o Café Hostel é um lugar para as minorias. Se alguém se afastar por conta disso, na verdade é a gente não quer esse hóspede por aqui.”

“Quem não se posiciona, está a favor”

Os sócios Luiz de Lyon e Karina Miguel fazem questão de se posicionar e não têm receio de afastar hóspedes, muito pelo contrário. Foto: Reprodução/FB

A ideia de repetir a iniciativa agora se deu, segundo ele, por conta das últimas polêmicas envolvendo a campanha de incentivo à abstinência sexual lançada no início de fevereiro pela ministra Damares Alves, responsável pela pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro.

“Estamos passando por um momento no nosso país que quem não se posiciona, está a favor. E a gente não está a favor de nada que está acontecendo seja no governo ou com coisas que envolvam qualquer tipo de preconceito”, esclarece ele.

O posicionamento do hostel fica bem claro logo na entrada da casa, que mantém uma bandeira do movimento LGBTQI+ orgulhosamente hasteada. Por lá, a diversidade está longe de ficar só no discurso. A equipe é formada por pessoas trans, travestis, gays, lésbicas e “até alguns héteros, somos heterofriendly por aqui, temos até amigos que são”, como costuma brincar o empresário que não tem receio de perder hóspedes por ser tão incisivo em suas posições. 

“A gente faz questão mesmo de que saibam que o Café Hostel é um lugar para as minorias. Se alguém se afastar por conta disso, na verdade a gente não quer esse hóspede por aqui. Mas a maioria olha para essa nossa posição e sente o maior orgulho”, diz.

O evento é gratuito, aberto a todos os públicos e bem fácil de chegar, pois o hostel fica pertinho da estação Vila Madalena do metrô (Rua Agissê, 152). O melhor é que depois da conversa dá para fazer um esquenta no bar do hostel e se jogar por algum bloquinho da vila, companhia com certeza não vai faltar. 

Diego Bonel
Diego Bonel
Jornalista especializado na cobertura do mercado de hostels no Brasil. Desde 2017, está mergulhado na vivência dos hostels pelo país. Adora conhecer as histórias dos viajantes pelo caminho e criou o Brasil Hostel News para compartilhar a cultura hosteleira entre os viajantes brasileiros.

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